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quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Uma rosa no deserto!

Quando garota eu era chamada de Branca de Neve na escola por conta do meu hábito de comer maçãs, e também porque a interpretei numa peça no fim de ano, mas se vocês querem saber a verdade, nunca me imaginei uma princesa dessas de conto de fadas, Cinderela, Bela Adormecida, é sério, parece loucura, eu sei que sou toda romantiquinha, mas quando garota nas minhas brincadeiras me imaginava sendo raptada por um sultão, pra ser mais uma esposa em seu harém e aí era levada para um deserto, andava debaixo de um sol escaldante, e lá longe eu avistava um homem vindo em seu cavalo de raça, negro(nunca era branco) ele lutava com os homens do sultão e me soltava e é claro que vocês devem estar pensando que então eu iria ficar tão grata a este homem e daria meu frágil coração!...kkkkkkkkkkkkkk

Sinto decepcionar vocês, mas nas minhas brincadeiras de criança eu entrava pro bando de Ali Babá e me vestia de menino e me tornava um dos quarenta ladrões, eu sempre gostei de histórias como As de Mil e Uma Noites, em que eu era  a princesa Sherazade que enfrentava um grande Rei perverso que mandava matar suas esposas, mas me casava com ele e toda noite tinha que lhe contar uma história fascinante, conseguindo assim me manter viva, outro  dia eu era Aladim voando num tapete mágico, nas minhas brincadeiras sempre havia Califas, Xeiques, Sultões,  acho que por isso uma das minhas canções preferidas seja "Desert Rose" do Sting, só a ouço no último volume  e fico dançando feito uma doida...kkkkk...Ela me remete a minha infância, ali no grande quintal lá de casa, meus primos em sua maioria meninos comandando as brincadeiras, não dava pra eu brincar de bonecas, isso era óbvio, elas só enfeitavam o meu quarto ou eram rabiscadas pela minha irmã Priscila. Léo(primo e que morava no mesmo bairro) era meu parceiro de crime e minha vítima preferida. 
As vezes eu dizia pra ele que tinha uma bruxa no sótão da casa dos meus avôs e que ela não gostava de meninos, isso tudo porque eu queria brincar lá sem ele no meu pé. 
Também o fiz colecionar figurinhas dos Menudos, só pra ter com quem trocar as minhas figurinhas repetidas.
Sorry Léo! Te amo!
Depois eu fui ficando de lado, o perdi pras ondas(meu primo é surfista de carteirinha) mas acabou calhando deu vir morar em Friburgo nessa mesma época, aqui eu já não tinha muito com quem brincar, não conhecia ninguém direito e também já estava com quase treze anos de idade, já estava ficando mocinha, mas eu sentia falta de tudo no inicio, do quintal com um monte de árvores, piscina, a casa sempre cheia de amigas da escola, dos meu primos sempre lá em casa. Aqui, comecei a colecionar papéis de carta, borrachas perfumadas e num piscar de olhos, fiquei adulta.
 Sabe, eu entendo a peça Peter Pan, um personagem criado por J.M Barrie, onde um menino que se recusa a crescer e que passa a ter aventuras mágicas, tem dias que eu queria estar naquele quintal brincando com o Léo, onde era a minha terra do nunca, sendo apenas aquela menina que vivia de Maria Chiquinha sonhando em ser parte do bando do Ali Babá, crescer não é ruim, amadurecer também não, mas nunca devíamos perder a criança que fomos um dia e tem dias que eu acho que ela não existe mais, que ela foi embora junto com a mudança pra cá e tem dias que olho no espelho e ainda vejo a mesma garotinha, ainda me vejo num deserto, debaixo de um sol abrasador e um mundo de possibilidades a explorar na minha frente.
Bjokas pra todos!!

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